terça-feira, 3 de junho de 2014

Iugoslávia no Pós-Guerra

A Iugoslávia tornou-se um Estado comunista instituído na clandestinidade em 29 de novembro de 1943 em Jajce, como a Federação Democrática da Iugoslávia com Tito como presidente. Em 29 de novembro de 1945, ainda no exílio, o rei Pedro II foi deposto pela Assembleia Constituinte da Iugoslávia. No entanto, ele se recusou a abdicar.
O período entre 1945 e 1950, a federação tornou-se República Federal Popular da Iugoslávia, que é caracterizada pela criação de um Estado comunista e para o desenvolvimento da repressão contra os não-comunistas (igrejas, movimentos nacionalistas croatas e sérvios).Após um breve período de alinhamento com o modelo comunista soviético , a Iugoslávia, ao contrário de outros países comunistas da Europa Central e Oriental, escolheu um caminho independente da URSS. É importante destacar que a Iugoslávia emergiu da Segunda Guerra Mundial totalmente devastada. Diferentemente dos demais regimes comunistas do Leste europeu, produto dos avanços das tropas soviéticas, o iugoslavo impôs-se, basicamente, pela força de suas armas. Isso foi possível porque Tito foi libertou da ocupação nazista sozinho, sem a assistência direta do Exército Vermelho, o que proporcionou ao governo do Marechal Tito uma liberdade de manobra que não experimentaram os demais regimes comunistas da região. Inevitavelmente isto traduziu-se, automaticamente, em um permanente enfrentamento com Moscou. Armado com este equilíbrio geopolítico, Tito rompeu com Stalin em 1948, definitivamente, e não aderiu a Iugoslávia ao Pacto de Varsóvia criado em 1955. Economicamente, implementou gradualmente um sistema sócio-econômico de autogestão onde as empresas são geridas por aqueles que lá trabalham, e não centralmente pelo Estado, como no comunismo ortodoxo.A República Socialista Federativa da Iugoslávia (que foi proclamada em 1963) foi um estado federal constituído por seis repúblicas:República Socialista da Bósnia e Herzegovina,República Socialista da Croácia, República Socialista da Macedônia, República Socialista, República Socialista da Sérvia(Província Socialista Autónoma do Kosovo e Província Socialista Autónoma da Voivodina) e República Socialista da Eslovênia.

Foi no manejo de suas diferenças étnicas que o modelo iugoslavo adquiriu os seus traços mais característicos. Estabeleceram-se cinco repúblicas soberanas (Eslovênia, Croácia, Sérvia, Montenegro e Bósnia e Herzegovina) que aderiram a uma Federação. Mais tarde a Macedônia também adquiriria o caráter de República soberana. Por sua parte, a Sérvia contava dentro de seu território com duas províncias autônomas: Voivodina e Kosovo. O Poder Legislativo desse Estado Federal estava conformado por um Conselho de Nacionalidades que representava os interesses das seis Repúblicas e das duas províncias autônomas.
Este mosaico de diversas nacionalidades pode funcionar graças ao carisma e a forte personalidade do Marechal Tito, que atuava como o grande árbitro na miríade de interesses em disputa. Como um moderno rei Salomão ele mantinha o equilíbrio entre as posições em conflito. Sua estratégia consistia em evitar que alguma República ou setor se fortalecesse demasiadamente e adquirisse preponderância que fizesse perigar a estabilidade do conjunto. Em síntese, Tito propiciava um equilíbrio negativo de forças em que nenhuma das repúblicas sobressaísse em relação às demais.

Após a morte do obstinado marechal em 1980, as coisas começaram a marchar de forma atabalhoada sob a liderança coletiva que ele havia desenhado para sucedê-lo. Mesmo aos solavancos, entretanto, a unidade da Federação se mantinha. O colapso do comunismo e a febre nacionalista que contaminou a região, fizeram emergir as profundas contradições que se aninhavam na alma iugoslava. A partir desse momento histórico começaria o processo de esfacelamento do Estado iugoslavo.


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